quinta-feira, 6 de junho de 2013

Dica de filme: "Hable con ella" e "Los abrazos rotos" de Pedro Almodóvar

      E aqui vai a minha terceira dica de filme: Hable con ella e Los abrazos rotos (2002), de Pedro Almodóvar. E por que tais filmes, e não Volver, Mala Educación, Mujeres al borde de un ataque de nervios, Todo sobre mi madre o La piel en que habito? Então, porque de todos estes filmes que já assisti deste famoso cineasta espanhol, Hable con ella e Los Abrazos rotos foram os que mais me emocionaram.
   Já indiquei duas produções hollywoodianas e achei que agora indicaria uma mexicana, devido o meu amor pelo México, porém, há alguns anos ando muito “flamenca”, muito “espanhola”, logo, não poderia deixar de mencionar pelo menos dois filmes espanhóis que me encantaram profundamente: por sua extrema carga poética em linguagem audiovisual e a presença de mulheres fortes, decididas, uma marca das produções de Almodóvar, um dos meus cineastas favoritos, depois de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez. Talvez seja o meu inconsciente que por tanto ter estudado a obra de um espanhol e que por tanto tempo ministrou aulas de tal idioma, acabou se interessando pela Espanha, por esse país tão enigmático. Ele tem um "q" que não entendo, que me intriga, que me atrai. 
    Mas vamos aos filmes, vale? Quanto ao premiadíssimo Hable con ella, Oscar de Melhor Roteiro Original (2003) e o Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro (2003), acredito que depois que cursei uma disciplina do Mestrado, “amor, paixão e ódio: as três paixões do ser” este filme veio à tona, afinal o que é amor? A paixão?  E o ódio? O que os une e os afasta? Há algum ponto de contato entre eles?No amor vale tudo?

Então, vamos ao primeiro filme, Hable con ella, que conta a história de dois personagens que não se conhecem, Benigno Martín (Javier Cámara) e Marco Zuluaga (Dario Grandinetti)  que se sentaram um do lado do outro, casualmente, numa sala de espetáculos para assistir “Café Muller” de Pina Bauch, interpretado pela própria. O filme já começa sob uma atmosfera de extrema poesia, com mulheres, se eu não me engano duas, vagueando por um café cheio de cadeiras, que parecem que vão tombar a qualquer momento, numa quase lenta agonia como se estivessem esperando a morte chegar.
Benigno é um dos enfermeiros responsáveis por uma paciente que está em coma profundo há vários anos (uma bailarina clássica de nome Alicia, interpretada por leonor Watling, que ele via ensaiar todos os dias, desde a janela de seu apartamento que dava de frente para o estúdio de ballet que ela dançava), e é nesse mesmo hospital que conhecerá Benigno que vela por sua namorada também em coma, a toureira Lydia Gonzáles (interpretada pela magnifica cantora espanhola Rosário Flores) que foi ferida por um touro em plena arena. 


   
Marco descobrirá do amor de Benigno por Alicia há anos, e também que sua própria namorada planejava deixá-lo para volta com um ex-namorado. Com isso, Almodóvar explora a relação entre o feminino e o masculino e o próprio amor, já que Benigno ao violar Alicia (em coma) a engravida, gera o feminino, mas com que direito? Alicia saí do coma, mas o bebê nasce morto, e Benigno na prisão, cumprindo pena pelo ato que havia feito em contra de Alicia, suicida-se ao ver que seu amor não é possível, enquanto que Marco assume a vida que sempre quis ter, apaixona-se por Alicia.


       Fica bem claro as questões morais que o filme levanta e que são de difícil resposta. O amor justifica o ato de Benigno? Seria ele um pervertido? E se Alice tivesse tomado conhecimento do que passou o teria perdoado? E Marco tinha o direito de se envolver com Alicia, vivendo a vida que Benigno sempre havia sonhado? A resposta fica a critério do espectador.
     


Já sobre Los Abrazos rotos, que assisti somente este ano em um canal de tv por assinatura, me emocionei muito com a história do escritor e ex diretor de cinema Mateo Blanc (Lluís Homar) que há 14 anos, na época em ainda usava o seu nome verdadeiro, e trabalhava como roteirista, teve um grave acidente em Lanzarote que lhe fez perder a visão e o seu grande amor, Lena (Penélope Cruz), uma atriz. Tamanho foi o seu pesar que ele passou a usar o nome e adotar a existência que tinha escolhido no mundo literário, Harry Caine, com o intuito de esquecer do seu passado como Mateo. Há um elemento chave: quando Lena morreu, deixou um filme inacabado, “Chicas y maletas”(uma espécie de auto-homenagem ao seu outro filme, Mujeres al borde de um ataque de nervios)  que fora estreado se a devida edição feita por Mateo, já que este e Lena haviam tido um caso, enquanto ela era casada com um dos empresários do filme, Ernesto Martel. Que para se vingar fez o filme estrear totalmente mal-editado. Entretanto, depois desses 14 anos, com a ajuda de sua antiga e fiel diretora de produção Judit Garcia (Portillo) e de Diego, filho desta, seu secretário, as tomadas devidamente corrigidas foram parar novamente nas mãos de Mareo, podendo fazer  jus aquela última obra, em que aparecia a sua querida amada Lena.


 

   Não há humor e intriga um marca nos filmes de Almodóvar, mas muito melodrama, o que talvez tenha me chamado a atenção e tenha feito com que eu gostasse muito deste filme, depois da decepção que para mim foi Volver. Sim, não gostei desse filme, mas sei que muitos o consideram uma obra- prima assim como Hable con ella. Entretanto, gosto é assim, não se discute, há que respeitar a opinião, como se fiz em espanhol "los gustos están para los colores", o que não se pode é nem ver determinado filme, nem ler determinado livro, por exemplo,  e já criticar, dizer que não gosta. Sempre opto por assistir e daí tirar a minha conclusão.


       Por tal motivo, indico não somente Hable con ella e Los Abrazos rotos, mas também os demais filmes de Almodóvar, apesar de dar destaque aos que mencionei neste post. Almodóvar é um grande cineasta que sempre traz mulheres protagonistas,  fortes, a intriga mas sem perder o humor, e por que não o melodrama mas sem parecer piegas. Sempre vejo no final de cada filme seu uma “moral”, melhor dizendo, uma reflexão sobre o que foi contado ao longo da obra.



Fica aqui mais esta #SuperDica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário